Sucessão familiar: como fazer esse processo ser mais tranquilo

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Como Superar os Desafios da Sucessão Familiar foi o tema da palestra de Hana Witt, promovida pela CDL Jovem Caxias. O tema é estudado por Hana especialmente porque na nossa região da Serra Gaúcha, as empresas familiares são muito representativas. “Há um número muito significativo e isso impacta na economia e nas questões sociais”, diz ela. “E o protesto sucessório vem sendo apontado há muitos anos como um dos maiores motivos do fechamento das empresas familiares.”

Para que isso não ocorra e para que a sucessão seja um processo mais tranquilo, Hana, que é especialista em governança familiar, dá algumas recomendações:

  • A sucessão precisa se muito planejamento. É preciso preparar os herdeiros e também o sucedido. Nunca se sabe quando a sucessão vai ocorrer: porque ela pode acontecer de maneira tranquila, programada, ou pode ocorrer de forma abrupta, num caso de falecimento, por exemplo. Para esses casos, não se está preparado e o processo é bem mais doloroso. Mas para os outros casos, sim. O planejar a sucessão é estar pronto para o momento de suceder o fundador. Isso exige planejamento e preparação da família para que o negócio continue. Esse processo pode levar até 10 anos, dependendo de quão jovem e da formação do sucessor. Mas em média, leva-se até 5 anos para preparar um filho para suceder a empresa, com calma e de forma bem feita. 
  • É importante que as famílias estejam organizadas e que tenham um planejamento para isso. Que haja um plano de carreira para seus sucessores. Participei de uma pesquisa, em que entrevistei 103 fundadores, e ficou evidente que a nossa região não tem nenhum planejamento pessoal, nem plano de carreira. Muitos pais já estão com seus filhos no comando, mas isso aconteceu de forma natural, o filho foi aprendendo e ficando com o pai. 
  • Muitos pais dizem que querem o filho no negócio, mas não estão fazendo um plano de carreira para ele. O ideal seria que ele primeiro tivesse uma formação acadêmica, se possível, uma experiência no Exterior, trabalhos/estágios em outra empresa… E o que acontece hoje é que ele não aprende outra coisa, outros mercados, outros empregos… Ele vai direto para a empresa do pai. Percebemos que o filho vai ficando e que ele não necessariamente foi preparado para isso. E isso é um risco. Existem estudos de grandes empresas que dizem que na maioria delas os filhos se formam, fazem estágios em outros lugares, longe dos pais, estudam fora e trabalham fora, e depois eles voltam com experiência e mais maturidade para escolher se querem ficar com a empresa do pai ou não. Porque se não experienciou nada fora, como sabe se está preparado? Se só foi dada a ele uma opção, como ele sabe se é essa opção que ele deve escolher? O filho trabalhar com o pai é muito bacana, mas ele também precisa experimentar o mercado, abrir os horizontes, senão, o olhar dele fica limitado. 
  • O processo de transição é delicado e inevitável. A atenção ao sucedido (o fundador), é tão importante quanto à dada ao sucessor. Ele não pode ser esquecido, ele é personagem fundamental para a continuidade da empresa, tem que sair do papel de executor, para papel de conselheiro, mentor. E quando isso acontece, a tendência é as empresas terem mais sucesso, porque os filhos têm ali o apoio. Por isso as empresas sofrem mais quando tem falecimento, além do luto, não contam mais com quem tem a história e a experiência. Sempre ressalto a importância de o sucessor e o sucedido estarem juntos nessa nova etapa da empresa familiar. Essa é a fórmula do sucesso. Quando eles se entendem, quando se complementam (a experiência do mais velho com a energia e a inovação do jovem), a sucessão tem mais chance de dar certo.
  • Importante também também ressaltar o papel da mulher, da esposa. A mãe é a conciliadora, ela está ali para ouvir os desejos, as expectativas do pai, do filho e irmãos, ela é a mediadora de conflitos. É um papel complexo, às vezes, a mãe não está na empresa e não consegue participar de tudo, mas ela ouve em casa. E acompanha as brigas. Ela tem poder de mediação, de conciliação, até de orientação. A mãe tem que captar isso e ela tem poder de percepção, o que pode ajudar a refletir se é isso que o filho quer para a vida dele.
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